Padre Mário Pedro Valeriano de Oliveira

Padre Valeriano nasceu em 22 de setembro de 1924 em Tarumirim (MG). Foi casado, teve dois filhos e três netos. Com 56 anos ficou viúvo. Quatro anos depois, em 12 de dezembro de 1984 foi ordenado sacerdote.

Quando faleceu ele morava na Comunidade Sol de Deus em Itajubá (MG). Ali foi empossado como eremita no ano de 1998. Em 2007, consagrou-se também na Fraternidade Toca de Assis, quando passou a ser chamado Frei Junípero. Ele chegou a morar na Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP), entre os anos de 1996 e 1998. 

Ele faleceu após ficar internado por um mês, devido a uma obstrução intestinal aguda, que o levou a passar por uma cirurgia, no Hospital São Lucas, em Taubaté (SP). Após uma complicação, que resultou numa pneumonia, foi transferido para a UTI.

O velório ocorreu no Convento Santa Clara, em Taubaté (SP). Na mesma tarde, a Comunidade Sol de Deus celebrará uma Missa de exéquias a partir das 15h. Ele foi sepultado em Taubaté (SP).

O próprio padre Valeriano também contou sua história:

“Nasci em 22 de setembro de 1924. Meu chamado para a vida religiosa aconteceu em 1946. Saí de Tarumirim em busca de uma vida melhor. Na verdade, fugi, pois havia dito aos meus pais que iria passear em Belo Horizonte, mas tinha a intenção de não mais voltar. Arranjei um emprego em Itabira; dali, fui para o Espírito Santo, de onde consegui transferência para o Rio de Janeiro. Eu era muito ambicioso, queria ficar rico. Tudo ia caminhando segundo os meus planos. Estava também fazendo um curso para o Conselho Federal de Comércio Exterior. Já estava para ser admitido, quando, certa manhã, passando pelo Largo da Carioca, olhei curioso para o Convento dos Franciscanos no alto do morro e me questionei: “O que fará aquela gente ali?”.

Até então, eu ía apenas à Missa dominical, por obrigação. Mas fui tão bem acolhido, que em pouco tempo já participava da Ordem Terceira de São Francisco e fazia a minha confissão geral. Começou meu processo de conversão. Abandonei o emprego, meus projetos e me tornei Franciscano. Mas eu era muito radical, queria viver como os franciscanos do tempo de São Francisco. Soube, então, de uma Comunidade na França, que vivia quase que literalmente  esse ideal. Poucos meses depois, lá estava eu, na “Fraternité des Petits Frères de Jésus du Père De Foucauld”; mas não consegui visto de permanência e voltei para o Brasil. Meu diretor espiritual, Frei João José Pedreira de Castro, grande biblista, convidou-me para fundar com ele o Centro Bíblico Católico, e trabalhamos juntos pela tradução e lançamento da Bíblia da Editora Ave-Maria. Nessa época, traduzi também, mais de 20 livros para a Editora Flamboyant.

Em dezembro de 1958, fui para Taubaté, para tentar novamente a vida religiosa, desta vez com os Capuchinhos. Mas ali me esperava o Senhor com uma “capuchinha” leiga, feita sob medida para mim, e acabei me tornando um “capuchinho de uma capuchinha só”, pois o Senhor “teceu os pauzinhos” e em 1960, acabou acontecendo o que não estava nos meus planos: o casamento.

Ela se chamava Maria José. Era muito santa e linda de viver. Foi um acontecimento muito feliz na minha vida, porque depois de tantas andanças, consegui me fixar e me tornar mais responsável. Ela deu novo impulso ao meu processo de conversão. Tivemos uma filha e adotamos outro.

Em 1965, compramos uma chácara e a transformamos numa Casa de Retiros. Tivemos ali muitas experiências de oração e alguns aprofundamentos, mas o Senhor levou minha santa esposa para o Céu em 1978. Agora, viúvo, o que fazer?

Depois de muita oração decidi buscar o sacerdócio. Fui aceito por Dom José d’Angelo Neto, Arcebispo de Pouso Alegre. Ordenado Sacerdote em 1984, fui Pároco de Itapeva, depois fui transferido para São Sebastião da Bela Vista, e dali para Santa Rita do Sapucaí, onde morei num Asilo, acompanhando minha mãe que estava muito velhinha.

Em 1995, tendo falecido minha mãe, pedi ao meu amigo Padre Jonas para fazer uma experiência na Canção Nova.

Meu grande sonho, desde a minha experiência como franciscano, era tornar-me eremita. E em 1998 esse sonho acabou se tornando realidade na Comunidade Sol de DEUS. Mas como fui franciscano por 9 anos, imbuiu-me profundamente o espírito do “Pobrezinho de Assis” e, ao ouvir as mensagens e testemunhos do Pe. Roberto, reinflamou em mim o desejo de voltar às fontes de minha vocação primitiva. Confidenciei isso a ele e, em 2007, já com 83 anos, ele veio de Campinas para me acolher na Toca de Assis, na capela de São Miguel em nossa Comunidade Sol de DEUS, quando recebi o nome religioso de Irmão Junípero da Santíssima Trindade. E aqui estou como eremita e franciscano, muito feliz, nesta santa Comunidade, lavando os pés de meus queridos irmãos que me tratam com um exagerado e imerecido carinho”.